Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 5 - agosto de 2015

ARTIGO TÉCNICO

A sustentabilidade aplicada aos pré-moldados de concreto 


Figura 2 - Recicladora de resíduos operando em planta de produção no Brasil.

A pesquisa do Concrete Centre (2010) identificou que agregados reciclados já estão sendo utilizados pelos fabricantes de concreto, e substituíram cerca de 25% dos agregados primários. Verificou-se que o uso de agregados reciclados em concreto varia por setor da construção e é significativamente maior no setor de concreto pré-moldado. No geral, nestas empresas do Reino Unido, os agregados reciclados representam 5,3% dos agregados utilizados em concreto.
Uma possibilidade de utilização do concreto reciclado é para a produção de lajes pré-moldadas de concreto armado proposta por Aragão (2007). Esse autor avaliou e verificou a viabilidade técnica da utilização de resíduos da construção no concreto para a produção deste elemento com emprego do concreto reciclado com 50% e 100% de substituição dos agregados graúdos e miúdos. No entanto, para que essa solução seja aplicada em larga escala é preciso que esse novo material possa ser utilizado na produção de elementos estruturais, que representam a maior parcela do consumo do concreto. No trabalho, foi avaliado experimentalmente o comportamento mecânico dos elementos e as duas alternativas estudadas se mostraram viáveis para a fabricação de lajes pré-moldadas.
Ressalta-se, contudo, que toda incorporação de resíduos no concreto deve ser acompanhada de estudo e avaliação da caracterização dos materiais em relação ao desempenho do concreto por laboratório que possa dar laudo e orientações técnicas. Somente depois disso e da tomada de ações que garantam o atendimento das recomendações de gestão na planta é que poderá cogitar a utilização dos resíduos.
Segundo Lladosa (2008), o laboratório espanhol de ensaios AIDICO se uniu ao setor de pré-fabricados com o objetivo de desenvolver um projeto para promover a construção sustentável em Valência, Espanha, através da reutilização e valorização dos resíduos gerados na indústria de concreto pré-moldado. O projeto procura promover um modelo de gestão e tratamento que priorize a reutilização, valorização e comparação com a eliminação dos resíduos no aterro. As empresas devem seguir as recomendações expressas em várias normas e procedimentos.
Assim, com as estratégias de reciclagem as empresas podem ganhar tanto no âmbito econômico, quanto ambiental, superando dificuldades e problemas que estão atualmente prejudicando a gestão de resíduos.
 

3.2-Uso de componentes pré-fabricados
Segundo Bezerra (2012), o uso de pré-fabricados guarda relação com a sustentabilidade, pois as peças são feitas “sob medida” e usadas em sua totalidade, sendo que a quantidade de resíduos da obra é mínima. Além disso, as obras convencionais usam madeira para escoramentos e também para a construção de formas para o concreto, que não são utilizadas em obras com pré-fabricados.
Segundo Moraes e Lima (2009), comparando-se sistemas que envolvem paredes e lajes pré-moldadas em concreto, verificou-se que quando a concretagem dessas peças é realizada fora do canteiro de obra, a grande vantagem desses sistemas sob o ponto de vista da sustentabilidade é que, em condições normais, eles geram uma quantidade pequena, ou quase nula, de resíduos de concreto que são muito poluentes para o meio ambiente. A velocidade que a obra ganha pelo fato de não ter de esperar pelo tempo de cura do concreto e a redução de mão-de-obra são fatores importantes, mas o impacto ambiental reduzido faz com que esses processos se destaquem, pois a solução de produção das peças pré-moldadas fora do canteiro gera um ganho na redução de desperdício e no tempo de execução da obra. 
Jaillon e Poon (2008) conduziram um estudo em Hong Kong sobre a evolução dos sistemas de construção residencial pré-fabricada comparando sua utilização pelos setores público e privado. Constatou-se que o setor público utiliza das técnicas de pré-fabricação há mais de duas décadas, enquanto só recentemente essa tecnologia foi introduzida no setor das construções privadas devido à criação de programas de incentivo. O estudo demonstrou também os seguintes dados: 
Em geral, os componentes mais utilizados em pré-moldados foram as fachadas pré-moldadas (51%), escada pré-moldada (22%), pré-lajes pré-moldadas (9%) e varandas pré-moldadas (7%); 
Ao longo dos anos, verificou-se uma maior utilização da pré-fabricação nos edifícios residenciais, em termos de porcentagem de volume e tipos de elementos adotados; 
As inovações nas técnicas de pré-fabricação estão presentes em ambos os setores e há muita influência no desenvolvimento de construção pré-fabricada em cada setor;
A repetição de elementos pré-fabricados é essencial, a fim de satisfazer quantidade e rentabilidade;
A adoção de pré-fabricação em comparação com a tradicional construção tem demonstrado vantagens significativas, tais como a melhoria da qualidade, redução do tempo de construção (20%), diminuição de geração dos resíduos da construção (56%), da emissão de poeira e de ruído no local, e exigência de trabalhadores no canteiro (9,5%);
No setor público, a pré-fabricação tem evoluído para o uso de projetos não padronizados introduzindo elementos modulares otimizando as oportunidades no canteiro, e abrangendo objetivos de sustentabilidade.
A Figura 3 exemplifica os componentes que podem ser utilizados.

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