Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 2 - agosto de 2014

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Alto rendimento na construção de aeroportos

Dois projetos no Brasil e no exterior ressaltam o papel decisivo desempenhado pelo pré-fabricado de concreto na ampliação e construção de terminais aeroportuários, que exigem o cumprimento de cronogramas ousados e uma alta velocidade para a finalização da obra.

Barajas: solução estrutural constituída por pórticos, formados por vigas com reforço pré-tensionado
O aumento do tráfego aéreo de passageiros tem impulsionado a ampliação, modernização e construção de terminais aeroportuários em todos os países. Com isso, os sistemas construtivos que possibilitem a execução de projetos com agilidade, economia e qualidade, aliando estética arquitetônica ganharam importância. 
Nesse sentido, o pré-fabricado de concreto passou a ser protagonista na construção aeroportuária, pois o sistema atende perfeitamente as condições extremas para sua execução, como, por exemplo, o cumprimento de cronogramas ousados, alta velocidade para a finalização da obra, o que propicia um retorno mais rápido de investimento, maior qualidade, economia de materiais e recursos naturais, e a realização do projeto mesmo em edifícios ou áreas em funcionamento.
“A grande vantagem do uso de estruturas pré-moldadas é o fato de possibilitarem a redução dos tempos de execução das obras, uma vez que o sistema construtivo baseia-se na montagem no local de peças executadas previamente”, afirma Marcos Monteiro, professor de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia, que acrescenta que esse benefício torna-se ainda mais perceptível quando a obra em foco apresenta modularidade, como é o caso das estruturas de aeroportos. 
Essa redução do tempo, segundo Monteiro, pode chegar de 50% a 60% do tempo de execução da estrutura. “Isso se considerarmos os prazos a partir do início da montagem, porque, enquanto são feitas as fundações, as peças pré-moldadas já estão sendo produzidas”, explica. Outra vantagem para ele é a maior qualidade e precisão, proporcionando uma economia de materiais – concreto e aço – por terem cobrimentos menores de armadura. “Com isso, podemos mencionar benefícios ambientais, com o resultado de estruturas mais sustentáveis em virtude de menor consumo de energia”, ressalta.
Outra característica distinta para os projetos desse tipo de modal é que os edifícios se localizam em áreas distintas e possuem funções diferentes. Em algumas obras, é necessária, inclusive, a construção de conectores entre os diferentes empreendimentos ou a implantação de uma linha de trem para realizar a comunicação entre os edifícios.
Esse é o caso da ampliação do Aeroporto Internacional de Brasília — Presidente Juscelino Kubitschek, com a inauguração do Píer Sul, Conector e Píer Norte. Com as duas alas disponíveis, sua capacidade poderá chegar a 25 milhões de passageiros por ano. A nova estrutura é parte do investimento de R$ 1,2 bilhão que a Inframérica, consórcio responsável pelo gerenciamento e operação, está realizando no aeroporto. As obras do Aeroporto duraram 17 meses, e mais de quatro mil operários trabalharam na construção. O terminal aumentou 83,3%, passando de 60 mil m² para 110 mil m². “Foi um grande desafio, construir, reformar, cumprir os prazos e realizar tudo isso em meio ao funcionamento ininterrupto do Aeroporto. Resultado é um aeroporto mais moderno e muito mais confortável”, Alysson Paolinelli, presidente da Inframerica.
Para o cumprimento dos prazos e dos desafios de engenharia, a Cassol, empresa fornecedora de pré-fabricados, montou uma fábrica no Aeroporto de Brasília, em uma área de 12 mil m². Constituída por quatro pistas de protensão, com capacidade de 200 toneladas, um berço para produção de pilares circulares e um para pilares multifacetados, contou também uma área para recebimento e distribuição de concreto fluido. Somado a isso, havia mais 3.000 m² de espaço para estocagem de pilares, vigas protendidas, lajes alveolares, além de três pórticos com capacidade para 20 toneladas e 40 metros de vão.
O uso de estruturas mistas foi outra exigência do projeto. Perfis metálicos foram fixados nas vigas de concreto e sobre eles foram executadas laje tipo steel deck. Com esse sistema foram deixados insertos metálicos nas vigas pré-moldadas de concreto para a posterior fixação dos perfis metálicos, o que possibilitou a antecipação da produção das vigas. Além disso, o projeto arquitetônico levou os pilares internos a serem projetados com seção circular e os de periferia com seção multifacetada. Eles foram feitos com capitéis para receberem as vigas de piso que passam em balanço – principal característica da obra.
Outro projeto que se destaca no âmbito internacional é o terminal T4 do Aeroporto de Barajas, na cidade de Madri, na Espanha. Com uma arquitetura diferenciada, e configuração muito longitudinal, com uma modulação de 9,0 x 18,0 m, a escolha para sua construção foi uma estrutura híbrida, que combina o “in situ” com o pré-fabricado de concreto. A solução estrutural adotada para o prédio do Terminal e Satélite é constituída por pórticos, formado por vigas com reforço pré-tensionado com armações protusas de 18,00 m de vão e lajes nervuradas.
Desde sua inauguração, o terminal T4 recebeu várias premiações europeias e internacionais, como os prêmios RIBA Stirling e o RIBA European Awards, outorgados pelo Royal Institut of British Architects, o prêmio Internacional Architeture Awards, dado pelo Museu The Chicago Athenaeum, e o reconhecimento do Instituto del Ingeniería de España como Melhor Projeto de Engenharia.

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