Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 19 - julho de 2020

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Base tecnológica é fundamental para o desenvolvimento contínuo da cadeia do pré-fabricado

Em todas as áreas, desde os fornecedores de insumos e matérias-primas, passando pelos desenvolvedores de softwares e fabricantes de equipamentos até a indústria, o desenvolvimento tecnológico é fator decisivo para aumento da produtividade, qualidade, maior competitividade e sustentabilidade

Professor Wanderley John: “As principais tendências em pré-fabricação envolvem a digitalização dos processos, desmaterialização e a busca do baixo impacto ambiental”

De fato, há um consenso entre os fornecedores de tecnologia e softwares para o segmento da construção civil de que o BIM é a primeira etapa da jornada da Indústria 4.0, ou seja, uma mola propulsora para o desenvolvimento de novas tecnologias, contribuindo, assim, para a ampliar a competitividade do setor. Por esse motivo, cada vez mais os contratantes dos projetos entendem as vantagens do BIM e solicitam que seus projetistas trabalhem levando em conta este conceito de integração. Quando os projetos das diversas disciplinas trabalham dentro do BIM, há uma unicidade no tratamento da obra, facilitando a troca de informações e divulgação dos detalhes do projeto. Como resultado, muitos benefícios para toda a cadeia produtiva são gerados, como por exemplo, maior eficiência, diminuição de erros e avaliação constante da construção como um todo.
No caso específico do pré-fabricado de concreto, os softwares disponíveis no mercado fazem interface com outros sistemas, como o de gerenciamento de produção e de máquinas de produção de pré-moldados e armaduras, ou com aplicativos de orçamentos e de realidade aumentada. Os modelos ricos em informações permitem coordenar as operações de projeto, fabricação e canteiro de obras, garantindo a entrega de acordo com o cronograma. Isso significa que é possível, por exemplo, transmitir dados relevantes para a produção, execução e montagem das estruturas, incluindo o mapeamento dos elementos, o controle de volumes de concreto e aço, desenhos e outros itens. Além da produtividade, a diminuição de erros de redigitação tornam o processo mais seguro.
Um exemplo interessante trata-se de uma indústria de pré-fabricado situada em Americana, no interior de São Paulo que implantou o sistema BIM há seis anos e atualmente a ferramenta atende 100% dos processos orçamentários, projetos gerais e de fabricação. Ou seja, todos os projetos são criados e desenvolvidos em BIM.

Sistemas de gerenciamento integrando projeto e produção já a partir de projetos integrados em BIM estão disponíveis no mercado e em uso por empresas do setor

A adoção da plataforma na fase de orçamento possibilitou uma melhor visualização do produto a ser entregue ao cliente, melhorando a compreensão do escopo por toda a cadeia comercial. Com isso, foi possível eliminar toda a quantificação manual de volumetria e insumos, gerando melhor qualidade, assertividade e ganho de produtividade. 
Na área de projetos, houve ganhos na qualidade do projeto. Antes dessa implantação, havia erros de elementos e montagem, que foram eliminados com o BIM. Além disso, a gestão do projeto da estrutura pré-fabricada com as demais especialidades, como arquitetura e instalações, ficou mais simples e interativa. Em resumo, houve a elevação em 50% da produtividade das áreas de orçamento e projeto dessa indústria.
A Biamar Malhas e Confecções, em Farroupilha, no Rio de Grande do Sul, foi beneficiada pelo uso do BIM e pela pré-fabricação em concreto. A obra em seu parque fabril contou com seis pavimentos de estrutura pré-fabricada, com altura total de 13m sobre as transições. A área executada foi de 14.842 m². Foram entregues pela indústria situada em Chapecó, em Santa Catarina, com unidades no Paraná e no Paraguai, pilares seccionados em três segmentos para facilitar transporte e montagem da estrutura, bem como diminuição de seção deles; vigas tipo "I" protendidas para atender grandes vãos, com furação para passagem de dutos de elétrica e hidráulica; vigas sobre estacionamento de veículos de grande porte com vão livre de 21m; painéis termoacústicos de 10m de comprimento em média concebidos com pingadeiras e com harmonização ante ao arquitetônico apresentado e escada, fossos de elevadores e esteiras em pavimentos superiores, necessitando de solidarização dos mesmos com a estrutura pré-fabricada.
A obra foi feita com o uso do software Tekla, modelada e detalhada totalmente no software BIM, juntamente com o software Plannix. As armaduras modeladas em 3D foram todas exportadas através de arquivos BVBS, podendo ser integrados nas máquinas do processo produtivo. Com isso, a comunicação entre projeto e fabricação ganhou muita agilidade, devido os detalhamentos de armaduras irem direto para o software que imprime as etiquetas para posterior corte e dobra das armaduras, eliminando desta forma a necessidade de o operador da máquina ficar "desenhando" as barras novamente.

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