Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 12 - dezembro de 2017

ABCIC EM AÇÃO

Eventos de conteúdo no Concrete Show destacam o sistema pré-moldado de concreto

Abcic promove no Concrete Congress 2017 dois eventos, incluindo curso com conteúdo organizado pela entidade e Instituto Falcão Bauer, além de seminário sobre recentes publicações de livros e normas técnicas sobre a industrialização em concreto


Celso Luchezzi, professor do Mackenzie: “A iniciativa da Abcic é fantástica”    


O curso desenvolvido por meio da parceria entre o IFBQ (Instituto Falcão Bauer da Qualidade) e a Abcic visa atender uma demanda de pessoas que trabalham na construção civil e não conhecem as especificações do sistema. O objetivo é qualificar profissionais e capacitá-los para a interpretação de desempenhos previstos em normas, desde o projeto até a entrega da obra, levando em consideração as últimas atualizações e publicações de textos normativos. "Temos profissionais da Falcão Bauer e da Abcic capacitados para ministrar os cursos. Entendemos que a única maneira de crescer e melhorar a qualidade dos produtos é por meio da integração de profissionais e instituições, trocando ideias e planejando ações, como são os seminários promovidos pela Abcic", comentou Roberto José Falcão Bauer, presidente do IFBQ.  
Continuando com a introdução ao conteúdo dos cursos, Roberto José Falcão Bauer realizou apresentação com a temática Estruturas Pré-fabricadas de Concreto: Desempenho e Sustentabilidade; na sequência, o engenheiro Luis Alberto Borin, também do IFBQ, falou sobre novas tecnologias do concreto na apresentação O Controle Tecnológico do Concreto aplicado as Estruturas Pré-Moldadas de Concreto. Fechando o ciclo do curso e reforçando a importância de atentar para as normas técnicas, falou o engenheiro Mairon Goulart, consultor técnico da Abcic, em palestra intitulada Segurança de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto – à luz da nova versão ABNT NBR9062.  
O curso realizado durante o Concrete Show aproveitou um público vindo de todas as partes do Brasil. Felipe Soder, arquiteto da Soder Engenharia e Construções, sediada em São Leopoldo (RS), contou que o curso foi muito proveitoso. “Tinha curiosidade em conhecer o Selo de Excelência Abcic, pois sei de fábricas no Rio Grande do Sul que têm a certificação e planejamos implantar o selo em nossa fábrica. O que mais me chamou a atenção foram os requisitos de qualidade e a criação de um processo padrão dentro da fábrica". 
Já o engenheiro Flávio Isaia, da IGA Engenharia, avaliou que os temas do curso possuem uma grande densidade e são de grande valia para a atualização de conhecimentos, assim como os dados divulgados há anos pela Abcic.
Sergio Firmino, da Vale, gostou de ter participado do curso, por ter sido produtivo. “Além dos aspectos construtivos abordou também a fase de projetos, então serve para todas as fases da engenharia, desde a concepção até a implantação. Nosso gerente executivo é um entusiasta da tecnologia e inovação. Quando avaliamos a possibilidade de superar um custo nas nossas obras aplicando esse conceito, ele ficou muito animado e enviou dois engenheiros para levantar o que podemos usar na Vale”. 
O professor Celso Luchezzi, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, participou do curso e considerou-o muito produtivo. “Eu, como formador de opinião, acho importante a troca de experiência com profissionais que já colocaram a mão na massa, têm prática e conhecem os caminhos que podem vir a apresentar problemas. Sua realização durante o Concrete Show é primordial, pois aproveita um público seleto e sedento por informações que, muitas vezes, não estão disponíveis. A iniciativa da Abcic é fantástica”, disse.


Atualizações técnicas 
O dia seguinte ao da realização do curso foi dedicado ao ciclo de palestras Normalização Brasileira Pré-Moldada de Concreto. Abrindo as discussões, o engenheiro Marcelo Cuadrado Marin falou sobre a publicação da ABNT NBR 9062:2017 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. A norma, publicada este ano, começou a ser formulada em 2012 e contou com a participação de 79 profissionais, além das comissões, que reuniram 16 pessoas. Marin avaliou que em futuras revisões de textos normativos o objetivo é diminuir o prazo entre início dos trabalhos e publicação final da norma.   
"Uma das primeiras decisões da comissão de estudos foi não separar projeto de produção e montagem, pois se entende que para projetar é necessário conhecer todas as etapas", contou Marin. Também foram adicionadas referências sobre concreto leve, ausente na versão de 2006, e sobre vergalhões com adesivos químicos, tipo de aplicação não normalizada até então. A atual versão também reserva um item para projetos de estrutura em situação de incêndio. "A comissão entendeu que existe uma demanda por projetos mistos", explicou Marin, portanto, "foi incluído o tópico 'Norma de Projetos de Estruturas de Aço Mistas'. Também consideramos projetos de estruturas com sismos, em algumas regiões do nordeste isso ocorre".  
Em seguida, o mestre em engenharia de estruturas, Fabrício da Cruz Tomo, falou sobre a revisão também publicada este ano da ABNT NBR 16475:2017 Painéis de parede de concreto pré-moldado. Como introdução, Tomo traçou um breve histórico do sistema construtivo, destacando sua utilização na Europa durante a reconstrução do continente após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, Tomo citou o emprego do sistema em prédios habitacionais na década de 70 e, a partir da década seguinte, a utilização de painéis pré-fabricados de concreto, primeiro em edifícios baixos, mas que foram ganhando altura com o passar do tempo.  
Tomo explicou que revisão foi guiada por um foco que respeitasse a realidade brasileira: "A presente norma limita-se a painéis com espessura inferior ou igual a 25 cm e dimensão horizontal menor ou igual a 12m. Dimensões maiores que essas ultrapassam os prédios existentes no Brasil. Optamos também por deixar para as revisões seguintes questões de painéis reforçados com fibra". O engenheiro também esclareceu que os itens "Produção de Painéis" e “Montagem de Painéis" buscaram apoio na ABNT NBR 9062, revisada em paralelo com a ABNT NBR 16475, e que todo um capítulo foi dedicado à integridade estrutural, visando anular por completo o risco de colapso estrutural.  
Os dois primeiros palestrantes da tarde participaram, em seguida, de um debate. Na discussão, esteve presente também Ercio Thomaz, profissional do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Segundo Thomaz, "os principais avanços que percebemos na nova versão da ABNT NBR 9062 é a adequação à ABNT NBR 6.118:2014 Projeto de estruturas de concreto. Traz reforço das diretrizes relacionadas à segurança contra incêndios, abrangendo aspectos da ABNT NBR 15.200:2012 Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. Também apresenta questões de projeto acompanhado por verificação experimental, o que agrega resultados essenciais de laboratório. E, o mais importante, consideração aproximada da não linearidade física, análise global de segunda ordem e ligações semirrígidas".  
Segundo Thomaz, a qualidade da produção normativa no Brasil atingiu um alto nível: “as três normas - ABNT NBR 9062:2017 Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado; ABNT NBR 16475:2017 Painéis de parede de concreto pré-moldado e ABNT NBR 14861:2011 Lajes alveolares pré-moldadas de concreto protendido - têm o padrão das melhores normas internacionais. São muito didáticas e bem escritas".  
Após o debate, Eduardo Barros Millen, engenheiro especializado em estruturas de concreto armado e protendido e com experiência em diversas comissões da ABNT, falou sobre o uso de estruturas pré-fabricadas de concreto em escolas públicas. Segundo Millen, o arranjo das escolas é ideal para o uso de tal sistema construtivo: "as escolas são padronizadas e têm em torno de 3.000 m² de área construída, então, quando são construídas 50 ou 60 escolas, se ganha na produtividade das peças, porque são peças iguais. Outras vantagens do sistema pré-fabricado de concreto incluem construção mais limpa, pois não há escoramento ou formas de madeira; há melhor controle de qualidade, pois as peças são verificadas e a própria indústria faz o controle dos materiais; os prazos são menores, porque a produção é em série. Há também a economia de materiais".    

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