Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 8 - agosto de 2016

CENÁRIO ECONÔMICO

Expectativas melhores ganham força

Os indicadores de atividade relativos a 2016 continuaram mostrando a atividade econômica bastante deprimida e o que pior, ainda encolhendo. 
O PIB do primeiro trimestre do ano caiu 5,4% na comparação com o mesmo período de 2015. O investimento do país como proporção do PIB não alcançou 17% ao final do trimestre.
No segundo trimestre o cenário não se alterou muito: as expectativas de acomodação da atividade foram frustradas. A produção industrial e o comércio varejista continuaram se retraindo. As pesquisas de emprego mostraram um mercado de trabalho bastante deprimido tanto no que diz respeito à redução dos postos de trabalho quanto à renda dos trabalhadores. O acesso ao crédito continuou bastante difícil para empresários e consumidores. Enfim, a economia como um todo desceu mais um degrau no primeiro semestre de 2016.
Há, no entanto, sinalizações de mudança à vista. 
Inicialmente é importante notar que, mesmo com os indicadores de atividade apontando retração, o pessimismo começou a diminuir. De fato, todas as sondagens empresariais mostraram uma clara mudança na percepção dos empresários em relação ao seu ambiente de negócios ainda no segundo trimestre, resultando uma melhora generalizada da confiança.
Essa percepção menos pessimista está diretamente relacionada às indicações de medidas para retomada da economia. Especialmente as projeções para 2017 melhoraram e a inflação começou a retroceder.
No que diz respeito ao setor da construção, o anúncio de retomada de obras paradas e de realizações de novas contratações do Programa Minha casa Minha Vida, bem como de medidas para melhorar o acesso ao crédito trouxeram mais otimismo. 
A segunda metade do ano começou com o fortalecimento da confiança.  A sondagem de julho mostrou que começou a se disseminar o sentimento que o pior já passou. O Índice de Confiança da Construção (ICST) alcançou o maior nível desde agosto de 2015. A alta foi observada nos principais segmentos de atividade setorial. E dessa vez, o aumento da confiança deu-se tanto no componente que capta as expectativas quanto no relacionado à situação atual dos negócios. 
Indiscutivelmente são boas notícias para a economia e para o setor, mas, e há sempre um "mas" e que precisa ser destacado: o aumento da confiança continua ocorrendo em maior medida como resultado de uma  percepção menos pessimista do empresário em relação ao que vai acontecer. No entanto, a falta de demanda continua o maior problema do empresário, seguido pelo acesso ao crédito. 
Assim, as medidas precisam se efetivar. A retomada do crescimento em bases sustentadas é fundamental para garantir um horizonte de previsibilidade que conduza ao aumento do investimento. A estimativa atual da FGV é de uma queda de 5% para o PIB da construção em 2016. A retomada de obras paradas pode melhorar os números, mas ainda assim o setor registrará retração. 
O setor tem ciclos longos - quer dizer entre fazer projeto, lançar, vender ou participar de uma concessão são muitos meses. Então qualquer efeito mais significativo sobre a atividade será percebido no ano que vem. No entanto, a confirmação de um ambiente favorável aos negócios será o melhor legado de 2016 para o próximo ano.


Ana maria castelo
Coordenadora de projetos do IBRE/FGV

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