DE OLHO NO SETOR

Em sua avaliação, a digitalização é inerente à industrialização, sendo mais favorável sua adoção. “A indústria tem em seu DNA à inovação, à pesquisa e desenvolvimento, por isso é mais fácil buscar as ferramentas para o aumento de produtividade, maior controle e monitoramento, maior rastreabilidade. Assim, esse é o ambiente ideal para uma maior interação das ferramentas 4.0”.

O relatório da McKinsey aponta que as mudanças de mercado – demanda por mais habitação, usuários mais exigentes aos aspectos de conectividade e proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos de desempenho e sustentabilidade no pós-uso e apagão de mão de obra – somadas ao ambiente regulatório e aos métodos modernos de construção vão gerar um impacto no setor da construção. 

Nesse sentido, a industrialização será um aliado para a contínua evolução do setor. “O futuro é baseado em dados e a forma como faremos sua interação, integração e monitoramento será fundamental para mantermos a competitividade da cadeia produtiva”, afirmou Íria, que acrescentou que o BIM, por exemplo, contribui na maneira como podemos lidar com os dados, pois integra todas as áreas, otimizando os processos, a produção e os recursos. 

“Certamente, obteremos mais produtividade e eficiência de controle por meio da digitalização. Podemos usar a tecnologia a nosso favor para também ter mais precisão em nossas obras. Hoje, nossa indústria utiliza o escaneamento de formas e de peças, para dar uma precisão milimétrica às estruturas”, explicou Íria. A seu ver, a digitalização e a industrialização melhoram o controle da cadeia de valor, promovem uma mentalidade orientada para dados, com redução de riscos e mais pensamento estratégico. 

Em sua palestra, a presidente executiva da Abcic, ainda tratou sobre construção modular, citando o edifício mais alto do mundo construído em pré-fabricado de concreto e modular 3D, situado em Singapura, que teve 40% menos mão de obra do que em uma construção convencional. Ela ressaltou que os países asiáticos têm trabalhado com metas para ampliar o nível de industrialização da construção. A China pretende até 2030 ter 30% da construção civil industrializada. 

Segundo Íria, o Brasil está atento as necessidades de aumentar a produtividade, por isso existem tantas iniciativas pró-industrialização. Além disso, as dificuldades e desafios podem ser superados, a fim de se ter uma construção cada vez mais industrializada, com uma cadeia de valor mais consolidada, e uma maior análise de dados e integração de processos. “O setor da construção, liderado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), montou uma agenda de curto, médio e longo prazos. Nosso objetivo é alcançar a isonomia tributária, avançar na legislação trabalhista, aumentar o nível de automação e robótica nas indústrias, fomentar novas tecnologias, novos materiais e melhorar as linhas de financiamento”. 

Na avaliação de Cozza, a ideia do evento era atualizar e capacitar os profissionais do setor para a análise e gestão de tecnologias e sistemas construtivos industrializados, com foco em obras de referência e também de construção modular. "O apoio da ABCIC e, em especial, a palestra da Iria foram fundamentais para o sucesso da jornada junto ao meio técnico”, disse o diretor da Cozza Comunicação e Educação Continuada.

A Jornada Tecnologia e Sistemas Construtivos teve o objetivo de capacitar os profissionais de incorporação, projeto, construção e os contratantes de obras para a análise e gestão de tecnologias e sistemas construtivos industrializados, a partir de experiências reais em obras de referência.