Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 4 - abril de 2015

DE OLHO NO SETOR

Modernizar a malha de transportes passa pela prática de um eficiente sistema de manutenção de pontes

Atualmente, existe uma diversidade de ferramentas e sistemas modernos para execução dessa importante tarefa. Tema foi debatido por profissionais e especialistas no II Seminário Abcic/IBRACON de Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana durante a Brazil Road Expo 2015

Íria Doniak, da Abcic, recebe os palestrantes no estande da entidade e do Ibracon 

O Plano Nacional de Logística (PNLT) do Ministério dos Transportes estima uma redistribuição da matriz de transporte para obter um maior equilíbrio entre os principais modais no Brasil até 2025, quando participação do transporte ferroviário na matriz aumentará dos atuais 25% para 35%, a do transporte aquaviário subirá de 13% para 29%, e a do rodoviário cairá de 58% para 30%. Para ocorrer essa mudança, além dos investimentos vindos dos governos federal e estadual e da esfera privada, há também outros fatores importantes a serem considerados, como por exemplo, a manutenção das estruturas já existentes tanto nos modais ferroviários como rodoviários.
Na avaliação do engenheiro Túlio Nogueira Bittencourt, presidente do IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto, para o Brasil realizar essa transição da malha de transporte atual para a meta estabelecida até 2025, será necessário colocar em prática um eficiente sistema de manutenção de pontes existentes nos dois modais. “Para isso, existe atualmente uma série de ferramentas modernas e eficientes para executar essa tarefa”, destacou durante a palestra “Modelagem computacional como ferramenta para o monitoramento de estrutura de pontes existentes”, na abertura do II Seminário Abcic/IBRACON de Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana, promovido durante a Brazil Road Expo 2015, no dia 24 de março. 
Segundo Bittencourt, há soluções sofisticadas, baseadas em modelos computacionais e sistemas de monitoramento, que possibilitam: identificar deformações; fazer análise não-lineares ou dinâmicas, inclusive da interação entre o veículo, a via e a ponte; desenvolver modelos de cargas móveis realistas compatíveis com as condições reais de tráfego; e finalmente incorporar esses resultados para melhor avaliar as condições de segurança e desempenho das estruturas, ao longo do tempo. “Há instrumentos que permitem, inclusive, estabelecer quando há a necessidade de intervenção na estrutura”, explicou. “Isso é possível com um misto de instrumentos que fornecem uma visão global das estruturas, mas também elementos que permitem uma análise local, envolvendo detalhes de juntas e ligações. Com isso, percebe-se os níveis de deterioração provocada pela ação do tempo, intempéries e também das cargas às quais a ponte foi submetida, além de detectar danos como trincas e fissuras”, acrescentou.
O presidente do IBRACON, que é professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) salientou, no entanto, que para isso ter o resultado esperado pelos profissionais da área e também pelas autoridades, é imprescindível que se tenha parâmetros históricos sobre o uso das pontes. “Temos casos de estruturas e de pontes das quais não se encontra sequer o projeto, quanto mais um histórico com as ocorrências, as cargas e as manutenções realizadas ao longo do tempo”, alertou Bittencourt, que ressaltou que a falta de histórico não é uma característica apenas do Brasil e que, em viagem recente à Alemanha, ouviu de colegas engenheiros alemães a mesma queixa sobre falta dos projetos originais.
Organizado pelo IBRACON em parceria com a Abcic – Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, o Seminário contou com a mediação da engenheira Íria Doniak, presidente-executiva da Abcic, que destacou a importância da realização do evento para apresentar soluções construtivas em concreto convencional e pré-fabricado para o setor e, também, para a manutenção das estruturas já existentes, além de ser uma oportunidade de levar conhecimento, tecnologia e experiência para o mercado na atual conjuntura do país. “Independentemente do cenário desafiador que vivemos, a urgência em ampliar, manter e modernizar nossa infraestrutura viária, assim como garantir adequadas condições de mobilidade urbana, é notória. Prova disso é o agronegócio no Brasil, um dos mais eficientes e produtivos do mundo, que perde rentabilidade por falta de logística e condições adequadas para o escoamento da safra”, observou. 
Outro tema debatido no evento foi “Pavimento de Concreto. Uma solução sustentável”, proferido pelo engenheiro Ronaldo Vizzoni, gerente da área de Infraestrutura e líder do Projeto de Pavimentação da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, que destacou a competitividade da utilização do pavimento de concreto em rodovias e vias de tráfego intenso, em corredores de transporte público (BRTs, ônibus), nas pistas e pátios de aeroportos, portos, viadutos, pontes, túneis, pisos industriais e comerciais e áreas sujeitas a derramamento de combustíveis. 
Entre os benefícios do pavimento de concreto citados por Vizzoni estão a durabilidade, a sustentabilidade, por reduzir o consumo de energia elétrica e a temperatura ambiente, é executado por sofisticadas técnicas, diminuição de custos com manutenção, e não sofre deformações plásticas, buracos e trilhas de rodas. “A rodovia Castelo Branco, por exemplo, consome menos energia elétrica por aproveitar a característica de reflexão da luz do pavimento do concreto”, exemplificou.
Além disso, um estudo apresentado pelo executivo da ABCP aponta que o pavimento de concreto em termos de custos da construção é mais competitivo para vias com circulação acima de 3000 veículos nas duas direções. “O investimento inicial do pavimento de concreto ante o uso do asfalto é cerca de 4% menor e no valor presente a redução chega a aproximadamente 29%”, explicou Vizzoni.
Na sequência, o engenheiro Julio Timermann, vice-presidente do IBRACON e coordenador da Comissão de Estudos de Inspeção de Estruturas de Concreto da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CB-18), apresentou, durante o II Seminário Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana, o estágio atual da normalização de inspeção de pontes. “A NBR 9452 – Inspeção de Pontes, Viadutos e Passarelas de Concreto está com o texto base concluído, em formatação pela ABNT para entrar em consulta pública neste semestre”, afirmou.
Para a elaboração do texto base, Timermann contou que houve um consenso entre todos os envolvidos na cadeia produtiva, com a participação de representantes de órgãos governamentais, de empresas estatais e privadas, consultorias e entidades setoriais. “Durante a reunião da comissão, tivemos a presença de 20 a 25 profissionais de todo o segmento. Isso foi muito importante para o texto”, disse. A revisão da norma inclui os detalhes dos quatro tipos de inspeção: cadastral, rotineira, especial e extraordinária bem como sugere os prazos para a execução das inspeções rotineiras (não superior a um ano) e especial (de cinco a oito anos, dependendo da classificação da obra). “Há ainda um anexo para a realização de inspeção subaquática, já que existem fissuras que aparecem por questões como a erosão”, apontou.
Outra inclusão importante realizada no texto base da NBR 9452 é a inserção de critérios de classificação das obras, que considera parâmetros estruturais, funcionais e de durabilidade. A partir daí, são atribuídas notas de 1 a 5 para cada parâmetro, refletindo a maior ou menor gravidade dos problemas detectados. E as obras são classificadas por níveis. “Nosso objetivo é fornecer subsídios para entidades que administram rodovias a realizar a manutenção e inspeção de pontes, de maneira eficiente e segura”, analisou Timermann. 
Gustavo Rovaris, gerente de Obras da Região Sudeste da Cassol Pré-fabricados, trouxe para os participantes do Seminário Abcic/IBRACON uma case de sucesso na área de infraestrutura: a obra do Complexo de Itaguaí, no Rio de Janeiro. Entre os desafios para sua construção estavam a compatibilização do projeto do sistema convencional para o sistema industrializado, a produção e logística de movimentação interna com transporte e movimentação de vigas de até 64 toneladas, a viabilização em fábrica de vigas com 30 metros e até 86 toneladas, a minimização de patologias com o concreto autoadensável e a produção e montagem em tempo recorde. 
De acordo com Rovaris, um dos destaques do projeto é o sucesso da migração da protensão por pós-tração para o pré-tração ou misto na fábrica. “O sistema é ideal para pontes e viadutos urbanos devido à falta de espaços nos canteiros”, disse.
A 5ª edição do Brazil Road Expo 2015 foi realizada de 24 a 26 de março, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, e apresentou novidades dos fabricantes e distribuidores de equipamentos e produtos para construção e manutenção de estradas e vias urbanas, pontes, viadutos e túneis, pavimentação em asfalto e concreto, soluções para drenagem, contenção de encostas, segurança, sinalização e gestão de vias e rodovias. 

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