Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 21 - dezembro de 2020

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Sinergia entre a industrialização em concreto e a arquitetura contemporânea fomenta construções inovadoras em diversas áreas

Possibilidade da utilização do pré-fabricado de concreto em obras de portes distintos e finalidades variadas, atendendo projetos arquitetônicos ousados e diferenciados, reforçam a versatilidade do sistema construtivo, cujos resultados, segundo os arquitetos, são extremamente positivos para os atores envolvidos na obra e para o público final

Paulo Sophia: “Os pré-moldados são uma ferramenta indispensável para o sucesso e desempenho de nossa arquitetura”

Bruno Padovano: “Sistema permite aos profissionais de projeto soluções cada vez mais ousadas e ao mesmo tempo de custo acessível, com a facilidade de montagem rápida”.

O arquiteto Bruno Padovano, consultor em projetos urbanísticos e conselheiro do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (NUTAU/USP), recorda que a expansão do uso de sistemas de construção baseada em elementos de concreto pré-fabricados vem sendo observada nacional e internacionalmente desde o período chamado de pós-Segunda Guerra Mundial, pelas vantagens de economia de tempos de construção, custos e resiliência da tecnologia, minimizando a necessidade de manutenção, especialmente em situações climáticas adversas, com canteiros mais limpos e redução de entulho gerado pelo uso das formas tradicionais em madeira, por exemplo, utilizadas para moldar concreto in loco.
Ele conta ainda que, ao longo da segunda metade do século passado, em obras como a Ópera de Sydney, na Austrália, e até os dias de hoje, com aplicações que vão desde edifícios de escritórios e de apartamentos até obras de arte especiais, tais sistemas atestam a versatilidade dessa tecnologia, que permite aos profissionais de projeto soluções cada vez mais ousadas e ao mesmo tempo de custo acessível, com a facilidade de montagem rápida e desmontagem.
“A possibilidade de aliar a resistência à compressão do concreto à resistência às tensões do aço trouxe uma tecnologia capaz de conjugar esses dois materiais de uma forma extremamente oportuna e adequada às necessidades construtivas e de uso dos espaços contemporâneos, mais abertos e flexíveis do que os dos edifícios antigos”, explica Padovano. “Não podemos esquecer a possibilidade de uso dessa tecnologia em estruturas híbridas que conjugam estruturas metálicas às pré-fabricadas em concreto, que podemos observar em várias estruturas contemporâneas e para obras de arte especiais, por exemplo, como em pontes estaiadas, e em enormes edifícios para aeroportos, terminais, shopping centers e outras grandes estruturas horizontais e verticais”, acrescentou.

Paulo Campos: “A arquitetura demandou soluções novas e a pré-fabricação percebeu esse movimento, expandindo suas possiblidades”

Porto relembra que desde a época de faculdade, ele se preocupou em conhecer os sistemas construtivos, visando a boa realização da obra de arquitetura. “Assim, a industrialização da construção foi o caminho adequado em nosso tempo, tendo-se em vista o constante déficit habitacional e a necessidade de construir de forma rápida, econômica e racional,” conta. Sua experiência pessoal com o pré-moldado de concreto vem desde os meados de 1965, quando recém-formado propôs um projeto de uma casa popular a ser construída totalmente em pré-moldado de concreto. Em seguida, ele realizou o projeto da fábrica VELNAC em São Paulo, pré-fabricada desde os blocos de fundação, vigas, pilares até cobertura. “Ao longo dos anos, sempre focamos a industrialização em todas as tipologias, tanto indústrias, prédios de escritórios, residenciais e até residências”.
Fazendo uma avaliação dos últimos 10 anos da arquitetura industrializada, o arquiteto Paulo Fonseca de Campos, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e membro do Júri do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, ressalta que a evolução foi expressa e detectada no âmbito da premiação promovida pela Abcic. “As obras que receberam a homenagem pela qualidade arquitetônica utilizado o pré-fabricado também acabaram sendo premiadas em outros prêmios do setor. É um movimento de aproximação constante e crescente, que ajuda a romper com certa visão estigmatizada e preconceituosa que ainda possa existir sobre a pré-fabricação ser uma limitação à criatividade da arquitetura”.
Além disso, Campos afirma que o pré-fabricado evoluiu bastante também nos últimos anos, permitindo, por exemplo, mais sofisticação e possibilitando diferentes cores, texturas e formas. “A arquitetura demandou soluções novas e a pré-fabricação percebeu esse movimento, expandindo suas possiblidades”, complementa. Para ele, a criação do Prêmio Obra do Ano expressa o reconhecimento das melhores realizações da pré-fabricação, incluindo a arquitetura, e por isso hoje tem um grande reconhecimento do mercado, desde os realizadores da obra, mas também dos arquitetos e engenheiros projetistas. 
Cases enfatizam os benefícios do sistema
Em se tratando de projetos inscritos e/ou vencedores no Prêmio Obra do Ano, que retratam essa relação intensa entre a pré-fabricação de concreto e a arquitetura contemporânea, a Casa das Pérgolas Deslizantes, do escritório FGMF, recebeu a menção em 2017. O projeto residencial alia a interação do usuário com a casa e investiga uma série de questões de percepção espacial e ocupação do terreno. “Utilizamos painéis pré-moldados com função estrutural e vedação, aproveitando a estética do concreto perfeito (de mesa vibratória na fábrica) como um dos elementos principais”. 

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