Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 23 - setembro de 2021

DE OLHO NO SETOR

Transformação digital e industrialização são as peças-chave para aumentar a produtividade do setor da construção

Tema foi debatido na sessão plenária de abertura da Smart.Con, que contou com a avaliação de Íria Doniak, presidente executiva da Abcic. A associação também esteve presente em importantes eventos promovidos por entidades, evidenciando os benefícios da pré-fabricação de concreto para diferentes tipos de projetos

Boas práticas de montagem 
O Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), no âmbito do Comitê Técnico IBRACON-ABCIC CT 304, promoveu no dia 28 de abril a live “Boas Práticas de Montagem de Estruturas Pré-Fabricadas de Concreto”. Ministrada pelo engenheiro Luiz Livi, diretor de marketing da Abcic, a apresentação detalhou os aspectos mais relevantes que devem ser observados para que não ocorra nenhuma intercorrência nessa etapa da obra. Isso inclui o projeto, o planejamento de montagem, o plano de rigging, a logística, a carga e descarga, os equipamentos e acessórios, a segurança e as ferramentas de gestão. 

Luiz Livi detalhou os aspectos mais relevantes  na montagem da obra e destacou a importância do Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto

Nesse sentido, ele destacou a importância do Manual de Montagem das Estruturas Pré-Moldadas de Concreto como uma publicação que traz boas práticas fundamentais para a montagem de estruturas. “Foi um trabalho intenso, que exigiu pesquisa, expertise de profissionais especialistas do setor e validação de entidades relevantes do setor da construção, projeto, saúde e segurança de trabalho”, disse. 
O manual aborda conceitos fundamentais, que devem ser aplicados para projetos de qualquer porte, tipologia, localidade e aplicação, garantindo segurança, qualidade e produtividade, objetivando que a montagem ocorra sem nenhum tipo de intercorrência. Ele foi aprovado e endossado por entidades ligadas a essa etapa, como o Instituto Trabalho e Vida, a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), a Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que avaliaram, respectivamente, os capítulos específicos sobre segurança, projeto e montagem.
Livi ponderou a necessidade de observar as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e as normas regulamentadoras para a realização da montagem. Caso, haja alguma operação não esteja coberta pelas normas, o Manual poderá contribuir para a eficiência dessa etapa. “Em minha avaliação, um dos diferenciais desse material é discorrer sobre temas relacionados à segurança de montagem e às sugestões de ferramentas de gestão de montagem e qualidade”. 
Durante a apresentação, Livi comentou que o planejamento de montagem visa prevenir situações que possam afetar a segurança dos envolvidos. Além disso, essa etapa também garante a integridade da estrutura e os custos da obra e mantém o cronograma proposto. No caso do Plano de Rigging, ele avaliou que é uma ferramenta essencial para obra, por ser um projeto técnico para içamento das estruturas, determinando o tipo de guindaste e cada operação da montagem. 
Outra atividade importante é a carga e descarga, uma vez que garante a integridade das peças no carregamento, descarregamento e transporte. “Indicações como utilizar as lingas, dimensionamento dos cabos, esforços na curva, peso dianteiro e traseiro, em lombadas e estradas irregulares são fundamentais e estão contidos no Manual”, afirmou Livi, que também detalhou o processo de montagem de diferentes estruturas, com cuidados que devem ser observados, e trouxe a rotina usual para essa etapa.
Por fim, ele tratou das ferramentas e acessórios utilizados bem como das ferramentas de gestão de montagem. “Essa é uma atividade que exige conhecimento, foco e responsabilidade. Quando existe interface com outros sistemas, é necessária uma interação entre fabricante e projetista dos dois sistemas”. 

Pontes de vãos pequenos e médios
Ainda no mês de abril, no dia 29, o engenheiro e professor Mounir Khalil El Debs proferiu apresentação no webinar “Aplicação do Concreto Pré-Moldado em Pontes de Vãos Pequenos e Médios”, do Instituto de Engenharia. Ele trouxe conceitos de pré-fabricado e pré-moldado e mostrou os benefícios da construção industrializada, como a padronização das estruturas, o uso de materiais mais resistentes, a aplicação de tecnologias mais modernas, resultado em maior produtividade. 
Segundo Mounir, os pequenos vãos são aqueles entre 2 metros até 20 metros, enquanto os médios se caracterizam por vãos entre 20 metros e 60 metros. O pré-moldado pode ser utilizado não apenas na superestrutura, mas também na infraestrutura. 
Ele comentou sobre a importância do avanço da tecnologia do concreto, que ampliou a resistência e durabilidade do material e, ao mesmo tempo, trouxe mais esbeltez para as estruturas. Em termos de sustentabilidade, é possível usar seções que reduzem a aplicação do material. “Ou seja, pode-se fazer mais metro quadrado de tabuleiro com menos metro cúbico”. No caso do concreto de ultra alto desempenho (CUAD ou UHPC, em inglês), sua aplicação para construção de pontes está aumentando em países como Estados Unidos e Canadá.
Sobre a seleção do sistema construtivo, o engenheiro também levantou a importância de diminuir qualquer tipo de perturbação no ambiente, uma vez que o tempo de construção interfere na movimentação de pessoas e cargas. Como exemplo, ressaltou os benefícios sociais e econômicos de se construir uma ponte em 72 horas quando o projeto inicial previa 72 dias.  Nesse sentido, o custo precisa ser avaliado de uma forma global. “Não é apenas o custo direto. É preciso ver o custo indireto, como por exemplo, o menor tempo de construção, o custo de manutenção durante o uso e a desativação”, ressaltou. 
Em sua apresentação, ele também trouxe casos de aplicação do pré-fabricado de concreto em pontes com vãos pequenos e médios e comentou sobre o Programa ABC, método de construção de pontes que utiliza planejamento, projeto, materiais de construção inovadores, de forma segura e econômica, para reduzir o tempo de construção no local que ocorre ao construir novas pontes ou substituir e reabilitar pontes existentes.
Após a palestra, o  Instituto de Engenharia promoveu um debate, com a participação de representantes da entidade (Rafael Timerman e Douglas Couto) e da engenheira Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, que comentou que o pré-fabricado de concreto possibilita não apenas a redução do impacto em termos de segurança do trabalhador, mas também de todo o entorno. Ela também ponderou que as tecnologias de concreto ampliam a competitividade da indústria, uma vez que a leveza da estrutura beneficia a etapa de montagem e transporte, além da redução de materiais e de recursos naturais.
Ao final, Íria perguntou à Mounir sobre seu novo livro, que terá como tema pontes. Ele respondeu que, em três partes, tratará da construção de pontes em geral, da aplicação de pré-fabricados de concretos nesse tipo de obra e os apêndices, com exemplos e cases. 

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