Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 22 - abril de 2021

INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Versatilidade comprovada: pré-fabricado de concreto atende obras especiais com produtividade, qualidade e menor impacto ambiental

Preparada para superar desafios técnicos, tecnológicos, arquitetônicos, logísticos, estruturais e de montagem, a construção industrializada de concreto no Brasil tem realizado projetos em diferentes áreas da negócios, agregando benefícios de ordem econômica, social e ambiental para construtoras, clientes e usuários dos múltiplos empreendimentos

A versatilidade das estruturas pré-fabricadas de concreto é evidenciada nos mais diferentes setores de atuação: desde usos mais tradicionais, como shoppings centers, centros de distribuição e logística, varejo, edifícios garagem, indústrias, passando por áreas como infraestrutura viária, rodoviária e aeroportuária, arenas esportivas, edifícios comerciais e residenciais, construções de habitação popular, escolas, hospitais, lojas boutiques até obras para o agronegócio, energia, mineração, mobilidade urbana e infraestrutura portuária. Há ainda projetos diferenciados como a pista de provas da Mercedes-Benz, o Parque das Cidades e o projeto Sirius - detalhados em edições anteriores da Revista Industrializar em Concreto -, que confirmam a gama de aplicabilidade da solução de engenharia. 
Na Europa, cujo uso de pré-fabricado de concreto é bastante difundido, houve o anúncio da construção do Fehmarnbelt Tunnel, Mar Báltico. Considerado o mais longo túnel imerso do mundo, com 8,9 metros de altura e 42,2 metros de largura ligará a Alemanha à Dinamarca, a um custo aproximado de  7 bilhões de euros. A joint venture Femern Link Contractors é a responsável pela obra e tem a liderança da francesa Vinci, que é a 5ª maior empreiteira do mundo. 
A construção foi iniciada em fevereiro na Dinamarca, local onde fica a fábrica de pré-fabricados de concreto, responsável pelo fornecimento das 89 aduelas, que serão submersas e encaixadas no fundo do mar para formar a estrutura. Cada peça pesará 73.500 toneladas e medirá 217 m de comprimento. Segundo o projeto, 
o volume de concreto é estimado em 2.480.000 m³. A expectativa de término da obra é 2029 e a expectativa é que a travessia entre os dois países se reduza para 7 minutos de trem e 10 minutos de carro.
Outro projeto especial em construção com o pré-fabricado de concreto está ocorrendo em Nova York, nos Estados Unidos: a Little Island, uma ilha artificial à beira do rio Hudson, está prevista para ser inaugurada no segundo trimestre deste ano. O valor de investimento total do projeto é de US$ 250 milhões, advindos de recursos privados da Hudson River Park Trust e do milionário e filantropo nova-iorquino Barry Diller.
A plataforma da ilha é formada por 132 peças de concreto pré-fabricada que se encaixam perfeitamente e são sustentadas por 267 pilares pré-moldados de concreto. Cada estrutura tem um peso médio de 70 toneladas. O escritório britânico de engenharia, arquitetura, projetos e consultoria Arup utilizou a plataforma BIM no projeto, gerando scripts paramétricos em 3D que orientaram a fabricação das estruturas.


Elemento pré-moldado posicionado e concretagem final complementar realizada no local. 
O elemento funciona como forma

Com isso, a margem de erro limitou-se a 3 milímetros. Além disso, para fabricação das estruturas, a Fort Miller Company utilizou fôrmas de EPS cobertas com espuma de poliuretano. No total, 10,2 mil m³ de concreto foram consumidos para construir as peças. 
O transporte das peças foi feito por caminhão, em um percurso de cerca de uma hora entre a fábrica e as margens do rio. Antes de serem colocadas nas embarcações para chegar até o canteiro de obras, as estruturas eram montadas de 4 em 4 unidades. Um guindaste flutuante foi usado para encaixar as peças no conjunto de estacas. 
O projeto bastante inovador e complexo teve um atraso de 48 meses, em decorrência também da burocracia para a liberação da obra. “Nesse período, fizemos descobertas importantes para o futuro da construção industrializada do concreto, disseram os engenheiros projetistas da Arup, Yong-Wook Jo, David Farnsworth e Jacob WiestArup, que acrescentaram que a tecnologia de pré-moldados de concreto ultrapassou o convencional para viabilizar a Little Island. “O projeto pode ser considerado um ponto de partida inovador para a construção pré-fabricada com alta complexidade, a partir do uso do BIM e do design digital”.
No Brasil, muitas obras diferenciadas também são vistas pelo país, parte delas em andamento e outras já finalizadas. Na área de infraestrutura, os investimentos públicos e privados na atividade portuária, mesmo com os efeitos da crise causada pela pandemia, seguem pelo país. No Estado do Paraná, o porto de Paranaguá é o segundo maior porto do Brasil, o maior em movimentação de grãos, maior exportador se produtos agrícolas no Brasil. Também considerado o maior porto graneleiro da América Latina. 
Em 2020, ao completar 85 anos, se consolidou como o mais eficiente do Brasil, batendo recordes como como os 53,2 milhões de toneladas movimentadas em 2019 e chegando a 10,4 mil toneladas por cada metro de cais. Estes recordes em consonância com o contínuo investimento em infraestrutura transformaram o atracadouro. Foi apresentado, em um dos eventos oficiais paralelos da Conferência das Partes sobre Mudança Climática das Nações Unidas COP-25, em 2019, como destaque no cuidado do meio ambiente, mantendo mais de 20 programas ambientais permanentes nas condicionantes estabelecidas pelo IBAMA. 
Uma das obras apresentadas recentemente em palestra realizada pela engenheira Íria Doniak, presidente Executiva da ABCIC sobre o estado da arte da pré-fabricação no Brasil, em webinar organizado pela fib (International Federation for Structural Concrete), foi a expansão do terminal de líquidos da Catallini no Porto de Paranaguá, o maior terminal de líquidos do país. Considerando toda a movimentação de líquidos realizada pela companhia a meta de 4,4 milhões de toneladas em 2020 era 15,8% maior do que em 2019. 
Os trabalhos realizados em áreas portuárias e ambientes marítimos exigem sempre cuidados especiais. No caso da construção dos novos dolfins de atracação e amarração do terminal de granéis líquidos do Porto de Paranaguá, o grau de agressividade do ambiente exigiu o desenvolvimento de um concreto especial para a fabricação e transporte das vigas e dos capitéis pela indústria de pré-fabricados, com sede em Pinhais (PR), com as seguintes características: Fck ≥ 40 MPa (28 dias) e Fck ≥ 25 MPa (para desforma); consumo mínimo de cimento 400 kg/ m3; relação Água / Cimento ≤ 0,45; concreto com adição de Sílica Ativa.

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