Associação Brasileira da Construção

Industrializada de Concreto

Industrializar em Concreto 18 - dezembro de 2019

ARTIGO TÉCNICO

ALMOFADAS DE ARGAMASSA MODIFICADA EM LIGAÇÕES DE ESTRUTURAS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADO

Fig. 9 Resistência à compressão das ligações, com e sem AAM, em função das espessuras das saliências na face do bloco, para concreto de resistência à compressão média de 65 MPa [8].

Os principais resultados obtidos estão resumidos a seguir: a) a eficiência da  almofada na ligação sujeita ao carregamento de compressão centrada é maior para as rugosidades de 0,5 e 1,0 mm, sendo que  para saliências com 0,5 mm de espessura a melhora da resistência do conjunto foi de cerca de 24% e  no caso de rugosidade nula (faces em contato lisas) a melhora no desempenho da ligação foi de aproximadamente 12%; b) para níveis de protuberâncias acima de 1,0 mm de espessura, os resultados obtidos apresentaram grande variabilidade, o que demonstra a necessidade de realizar um número maior de testes, mas, em qualquer caso, houve uma tendência de melhora nos resultados quando a almofada é usada, c)  nota-se uma  tendência de melhor desempenho da ligação com AAM para concretos com resistência à compressão abaixo de 50 MPa e d) a aplicação do carregamento  cíclico reduziu a resistência da ligação em valores da ordem de 33% para corpos de prova sem AAM e 16% para modelos com AAM.


6. Recomendações e considerações finais
As misturas recomendadas para o material de almofada têm relação cimento/agregado de 0,3, relação cimento/água de 0,4, porcentagem de vermiculita, relativa à massa total de agregados, de 5 a 15%, taxa volumétrica de fibras igual ou maior que 2% e quantidade de látex de 20 a 30% da massa de cimento. Os valores representativos do material com essas misturas seriam: a) resistência à compressão média de 20 MPa a 45 MPa e b) módulo de elasticidade de 10 GPa a 15 GPa.
A espessura recomendada para os AAMs é de 10 a 20 mm, com rugosidade nos dois lados. A rigidez das almofadas de 10 mm de espessura feitas com as misturas indicadas estaria na faixa de 300 MPa a 500 MPa.
Tomando com referência mistura V5P3L30, que tem sido usada frequentemente, a resistência média a compressão é da ordem de 34 MPa. Para esta mistura é razoável usar uma “tensão de trabalho” de 20 MPa.  Esta “tensão de trabalho” seria da ordem de 2,5 vezes à correspondente da almofada de elastômero simples. 
A partir dos resultados do ensaio de força uniformemente distribuída é possível avaliar a rotação que a AAM acomodaria. Considerando a mistura V5P3L30, uma almofada com comprimento da apoio de 150 mm com espessura de 10 mm, teria um afundamento na borda mais comprimida de 1,54 mm, conforme a Tabela 1. Considerando este afundamento na borda mais comprimida da almofada, a rotação que AAM acomodaria seria de 15,4 /150 = 0,0102, ou seja da ordem de 0,01 rad, sem descolamento da borda menos comprimida. 
Cabe destacar que o fato da AAM ser mais rígida que a almofada de elastômero, a posição da resultante das tensões de compressão tendem a ser mais próximas da borda do apoio, o que poderia levar a maior distância da face do pilar no caso de consolos. No entanto, como as AAM tem um comprimento de apoio menor, este deslocamento da resultante não levaria a um maior custo da ligação, pois seria compensado, com folga, pelo menor comprimento do apoio.
Merece registrar ainda que ensaios de AAM submetida à força uniformemente distribuída cíclica não mostraram danos significativos na almofada, como pode ser visto em Siqueira & El Debs, 2013 [9].
Por serem feitas com material à base de cimento, as AAMs teriam, em princípio, mais duas características favoráveis: a) mesma durabilidade do concreto e b) grande resistência em situações de incêndio. 
Destaca-se também a possibilidade de embutir as AAM nos elementos pré-moldados, conforme  citado nos ensaios simulando ligações submetidas a elevadas tensões de compressão. Neste caso, as AAMs colocadas na região de contato antes da moldagem. Assim, por exemplo, a viga e o pilar  já teriam as almofadas embutidas na região do contato, o que tornaria, em relação à forma de execução, um contato direto, facilitando a montagem.  
Conforme adiantado, a distorção das  AAMs seriam desprezíveis, ao contrário das almofadas de elastômero. Assim, os efeitos de variação de comprimento dos elementos apoiados tenderiam a introduzir esforços bem maiores que ao das almofadas de elastômero. No entanto, nas aplicações usuais de vigas em edifícios, a utilização  também de chumbadores preenchidos com graute, nos dois lados da viga, faz com que a distorção da almofada de elastômero fique restringida pelo chumbador. Assim, o beneficio da capacidade de distorção da almofada de elastômero deixe de existir. 
Reforça-se aqui uma das principais características favoráveis da AAMs, que, por serem mais rígidas  que as almofadas de elastômero, elas tornam as ligações mais rígidas e as estruturas menos deformáveis. Nesse sentido merece destacar estudo apresentado em Sawassaki, 2010 [10] , onde são feitas comparações da aplicação da AAM com almofadas de elastômero. 
Evidentemente, a proposta merece mais estudos, principalmente na busca de dosagem que leva à redução do módulo de elasticidade do material ou de outras conformações para tornar a AAM mais maleáveis. Mas seu potencial é evidenciado pelos estudos realizados e pelas aplicações experimentais realizadas há algum tempo.
Espera-se que este artigo promova um maior engajamento do setor produtivo para a incorporação AAM como uma alternativa para transferência de tensões de compressão nas ligações de CPM e, com isto, possa viabilizar a normalização pela  ABNT. 

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